Foi a vitória da consistência e do bom futebol. Espanha confirmou as expectativas que se anteviam e sagrou-se a primeira tetracampeã europeia da história. Frente a Inglaterra, os espanhóis venceram por 2-1 e encerraram o Euro’2024 com um registo perfeito de sete vitórias em outros tantos jogos ao longo de toda esta competição.
Na final do 17.º Europeu, e que foi decidida por um jogador que saltou do banco de suplentes, a fúria espanhola foi mais forte do que a frieza e calculismo inglês. Os golos só apareceram na segunda parte, mas foram suficientes para se assistir a um jogo que teve muitas emoções do princípio ao fim.
O tento inaugural de Nico Williams, aos 47′, deixou a Espanha um passo mais perto do título. Contudo, o dedo mágico de Southgate funcionou e o técnico foi ao banco buscar Cole Palmer para igualar o jogo (73′). Ainda assim, a estrelinha espanhola voltou a cintilar lá perto do fim.
A Espanha não acusou o empate e, destemida, foi em busca do treta europeu. Após Yamal ter estado perto de marcar na final, ele que foi eleito o melhor jovem jogador neste torneio, a La Roja voltou ao comando do marcador aos 86 minutos. Cucurella fez ‘pisca’ desde o lado esquerdo e Oyarzabal, há poucos minutos em campo, disse ‘cucu’ aos ingleses e desviou à boca da baliza para gáudio dos adeptos espanhóis.
A seleção espanhola fechou, assim, o Euro’2024 com um conjunto de exibições de encher o olho e um selecionador recordista. Luis de la Fuente é o primeiro treinador a vencer o Euro sub-19, o Euro sub-21, a Liga das Nações e o Campeonato da Europa. Já Harry Kane e companhia voltam para casa com nova derrota numa final Europeia.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
O herói deste encontro acaba mesmo por ser Mikel Oyarzabal. Trunfo de Luis de la Fuente a partir do banco de suplentes, o médio foi o autor do golo que coloca Espanha do topo das seleções com mais títulos de campeão europeu.
Surpresa
Por ironia do destino, um futebolista que até começou este Europeu no banco de suplentes, acabou por ser decisivo nesta final. Dani Olmo beneficiou da lesão contraída por Pedro no decorrer da competição e disse presente quando Luis de la Fuente mais precisou. Ainda que não tenha marcado nenhum golo neste jogo em Berlim, o criativo espanhol fez o passe para Yamal que esteve na origem do lance do 2-1 e foi autor do corte milagroso em cima da linha que impediu o golo de Guehi em cima do apito final.
Desilusão
É injusto atribuir esta nota, mas terá de recair sobre Harry Kane. O avançado teve o azar de capitanear uma equipa que, apesar do crescendo que se havia visto nas últimas semanas, foi sempre mais defensiva do que ofensiva neste encontro. A bola até chegava à defesa contrária, mas não chegava em condições aos pés de Kane. Saiu aos 60′, visivelmente cansado, e sem o título coletivo que lhe falta na carreira.
Treinadores
Luis de la Fuente:
Deixa o Europeu em ombros pelo futebol bonito que foi praticado desde o primeiro dia. Desde cedo que Espanha procurou assumir as rédeas do encontro, mas foi incapaz de contornar a organização defensiva inglesa. O golo a abrir a segunda parte foi libertador para a Roja, que seguiu para uma exibição positiva. Não acusaram o golo do empate e foram à procura de fazer história. Oyarzabal corporizou a vitória do bom futebol
Gareth Southgate:
A seleção de Inglaterra tem uma qualidade superlativa individual à sua disposição, mas não foi capaz de traduzir isso em futebol jogado. Ao longo desta final em Berlim, os três leões foram sempre mais cínicos e defensivos do que propriamente criadores de ocasiões de perigo junto da baliza contrária. O golo de Palmer ainda deu uma curta esperança, mas a desilusão voltou a invadir os adeptos ingleses três anos depois da derrota em Wembley.
Arbitragem
A juventude não foi sinónimo de mau trabalho. Estreante nestas lides de finais de Europeus, e o mais novo de sempre a apitar nestes jogos decisivos, o francês François Letexier teve uma exibição muito competente.