O Benfica anunciou, esta sexta-feira, os resultados da auditoria forense prometida por Rui Costa ha muito tempo. Em comunicado enviado aos sócios, as águias garantem que a a mesma “não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes”.
“A Benfica SAD deu total autonomia à EY [consultora independente] para a elaboração da referida Auditoria e colaborou em tudo o que foi solicitado, tendo sido analisadas um total de 51 transações em todas as suas vertentes, correspondentes à totalidade dos contratos que o MP terá considerado, de alguma forma, suspeitos”, pode ler-se no comunicado, que prossegue.
“O tempo decorrido foi o considerado necessário por parte da EY, dada a complexidade da análise em questão e tudo o que foi analisado, o elevado número de elementos analisados e o hiato temporal da referida análise (cerca de 14 anos), como pode ser comprovado no referido relatório. Em relação às conclusões da auditoria, destaca-se essencialmente o facto de a EY referir que ‘não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes'”, conclui o mesmo.
Com base nos resultados contabilísticos respeitantes às transações dos atletas analisados, num período aproximado a 14 anos, a consultora chegou a um “saldo positivo a favor da Benfica SAD, em 97.026.018 euros (108.883.162 em transações com resultados positivos e 11.857.144 em transações com resultados negativos).
A análise centrou-se na conformidade dos dossiers dos 51 futebolistas que foram alvo do estudo — tendo concluído que “as poucas situações de inconformidade contratual, contabilística, neste horizonte temporal, não são materialmente relevantes” -, análise dos valores dos passes e comissões, partes envolvidas nas transações e apuramento dos factos.
Relativamente às comissões, a EY apurou que em 71% dos casos foram superiores a 3% da remuneração bruta e em 44% foram superiores a 10%, valores que excedem as ‘guidelines’ da FIFA, mas “não indicam, necessariamente, uma prática inadequada”.
Em 15 situações, a consultora não conseguiu identificar a estrutura acionista completa, nem os últimos beneficiários, de entidades que negociaram jogadores com o Benfica, tendo apurado que, em 10 situações, os negócios foram efetuados com entidades sediadas em paraísos fiscais e, em igual número, o intermediário apresenta um conflito de interesses com o próprio jogador.