José Mourinho explicou, na noite de domingo, a abordagem do Benfica na visita ao FC Porto, que resultou num nulo (0-0), em jogo da 8.ª jornada da I Liga. Em conferência de imprensa, o treinador das águias salientou a importância de evitar uma desvantagem de sete pontos e recordou que os perfis das duas equipas são distintos.
“Havia a pressão da diferença pontual. Era fundamental para nós tentar ganhar, mas era fundamental para nós não perder. Eles também nos respeitaram e não arriscaram nada. A partir do momento em que sentimos que havia toda esta gente fresca a entrar – o William Gomes, o Rosario, o Mora e o Deniz Gül – numa situação já de fadiga, gerimos para não perder”, começou por dizer Mourinho, prosseguindo.
“O Benfica joga para ganhar, mas joga para ganhar o campeonato. Às vezes, para se ganhar o campeonato é preciso jogar para o ponto. Não perdemos. Os jogadores tiveram um comportamento fantástico ao nível da organização, da concentração, do controlo emocional. Não levámos amarelos, não cometemos faltas. Fomos rigorosos, limpos e inteligentes. Foi um bom jogo de futebol, sem o perfume do golo. Ninguém é o culpado disso, a responsabilidade é dos dois”, destacou, antes de também recordar que o Benfica vinha de uma deslocação a Londres, para a Liga dos Campeões.
“Em quatro dias, jogámos contra o Chelsea e o FC Porto fora. Um é campeão do mundo, o outro o líder incontestado do campeonato até agora. São duas equipas com ‘motor’, tudo gente rápida e intensa, que dá um ritmo elevado aos jogos. Nós temos características diferentes e a mim deu-me prazer de decifrar o FC Porto. É uma boa equipa, com organização e dinâmicas. Está no topo do seu potencial e nós temos muito para melhorar”, vincou Mourinho.
O treinador do Benfica garantiu, ainda assim, que ninguém ficou feliz pelo empate no Estádio do Dragão, mas reforçou a necessidade de não perder, até porque encontrou jogadores em crise de confiança.
“Ninguém está extra feliz, estão mais felizes com o que fizeram do que com o resultado. Aqui, nós não festejamos empates. […] O FC Porto tem jogadores com grande capacidade de explosão e de atacar espaços. Nós não temos esse tipo de jogadores, mas controlámos o jogo de outra forma, ao não deixá-lo partir. Neste momento, ainda há gente que sofre um bocadinho de pouca confiança. Sem dizer nomes, encontrei quatro ou cinco jogadores em crise de autoestima. Uma coisa é precisar de concentração para um trabalho tático importante, outra é a inspiração para algo mais do que isso”, frisou.
“O FC Porto, mesmo não tendo a nossa pressão, não correu esse risco, trocou ala por ala, atacante por atacante. E eles podiam ir para sete pontos de vantagem. É uma vantagem mental muito grande. Mesmo para um treinador que fez o seu jogo oficial número 1200, é algo que pesa quando está a jogar e a analisar o jogo”, rematou Mourinho.
Refira-se que este empate colocou fim ao arranque 100% vitorioso do FC Porto nesta nova temporada, mas deixou tudo na mesma nos lugares cimeiros da tabela classificativa, uma vez que também o Sporting empatou diante do Sp. Braga (1-1).
Concluída a 8.ª ronda, o FC Porto prossegue na liderança isolada, com 22 pontos, mais três do que o Sporting e mais quatro do que Benfica.
