Nos últimos três anos, a última imagem da época tem sido a mesma – há a final da Taça de Portugal no Jamor e o FC Porto acaba por vencer o troféu. Contudo, este domingo teve uma carga emotiva diferente dos demais. E isso foi bem visível nas mais altas figuras do clube.
Depois de ganhar ao Sporting, por 2-1, Sérgio Conceição não conteve as lágrimas no relvado e antes de receber o prémio. Depois de um ano difícil, o pior a nível de pontos na Liga no seu reinado, duvida-se da capacidade dos portistas em ganhar algum troféu esta época.
Já Pinto da Costa, outro dos grandes intervenientes desta história, também não escondeu as lágrimas ao levantar a sua última Taça de Portugal ao serviço do FC Porto, depois de 42 anos (quase a idade de Sérgio) na presidência do clube.
E foi um penálti que soltou toda a essa emoção. Mas já lá vamos. Primeiro, há que dizer que, as emoções, vividas à flor da pele, já rondavam o Jamor há umas horas. Foi feita a tradicional festa antes do jogo entre adeptos, mas também as habituais escaramuças.
E a emoção do jogo começou cedo. O encontro começou de forma aberta e houve golo logo aos 20 minutos. Através de um canto, o Sporting chegou à vantagem com um cabeceamento de Jeremiah Saint-Juste, que estreava-se a marcar pelos leões. Bela cabeçada.
O FC Porto reagiu oito minutos depois com um golo de Evanilson. Pepê lançou para dentro da área e um momento de desconcentração de Geny permitiu o golo do oportuno brasileiro. Dois minutos depois, os portistas lançaram o pânico com nova bola longa e St. Juste acaba expulso com vermelho direto ao travar Galeno, que estava isolado.
Jogo frenético nesta meia-hora, mas que foi gradualmente arrefecendo, com o Sporting a controlar melhor as costas da defesa e a correr menos riscos. Amorim foi sempre renovando a equipa.
Mas, Diogo Pinto, que teve uma tarde de ‘herói’ e vilão, cometeu grande penalidade sobre Evanilson e deitou tudo a perder, já no prolongamento. Taremi, que se despediu do FC Porto, fê-lo com um golo decisivo, de penálti. Com menos um e alguns pedidos de penálti não acedidos, o campeão nacional acabou mesmo por ceder. No fim, Sérgio Conceição podia beber a tão ansiada ‘cervejinha’.
Figura
Diogo Costa não comprometeu e manteve a sua equipa sempre em jogo. Com várias intervenções decisivas, foi invalidando as tentativas sportinguistas de marcar golo. Estabeleceu a diferença entre o FC Porto e o Sporting, que teve em Diogo Pinto um elemento que, talvez pela idade, deu menos segurança à defesa leonina.
Surpresa
Zé Pedro foi o elemento que coube colmatar a ausência de Pepe, lendário defesa portista que estava lesionado e não contou para a Final da Taça. Aos 28 anos, a aposta ‘tardia’ de Sérgio deu frutos. Passou quase despercebido durante o jogo, mas talvez esse tenha sido o grande mérito do defesa. Conseguiu ‘secar’ Viktor Gyokeres, tarefa que outros defesas não tem conseguido tão facilmente.
Desilusão
Viktor Gyokeres tem sido o ganha-pão do Sporting, mas desta feita esteve apagado. Também por mérito da defesa do FC Porto. Não esquecer também que esteve praticamente noventa minutos sozinho contra o ‘mundo’. Não conseguiu ameaçar, mesmo com essas agravantes, Diogo Costa.
Treinadores
Sérgio Conceição: O ‘mestre’ da Taça de Portugal inscreveu mais uma vez o seu nome na história do FC Porto, com uma vitória com muito significado para o treinador de 49 anos, que acabou em lágrimas (tal como Pinto da Costa). No final do jogo, disse já ter tomado a sua decisão sobre o futuro, de forma enigmática. Apostou em Zé Pedro e num estilo de jogo mais pragmático, lançando bolas nas costas dos leões, e foi recompensado.
Rúben Amorim: Consagrado recentemente campeão português, pela segunda vez na carreira de treinador, Amorim teve alguma infelicidade neste jogo. Primeiro, com a expulsão de Saint-Juste, algo ingénua, e depois com decisões de arbitragem, nomeadamente o penálti reclamado aos 111′, que acabaram por não pender para os leões. A única crítica direta ao seu trabalho será a incapacidade em sanar as bolas colocadas nas costas da defesa.
Árbitro
Fábio Veríssimo, tantas vezes criticado por adeptos de diferentes cores clubísticas, fez uma arbitragem que pode levantar dúvidas, num jogo de alta exigência. No lance mais discutível da primeira parte, a expulsão de St. Juste, esteve bem e foi avisado a tempo de que a falta tinha ocorrido fora da área, corrigindo um penálti inicial. No entanto, no final do jogo, podia ter dado grande penalidade ao Sporting por mão de Otávio, aos 111 minutos. O jogador toca com a mão na bola e corta uma jogada de eminente perigo. Os leões ainda pediram outro eventual penálti por falta de Nico.