Corria o ano de 2012 quando o Sporting visitou pela última vez o União de Leiria, não no estádio Dr. Magalhães Pessoa, mas sim no Estádio Municipal da Marinha Grande (foi a sua ‘casa’ durante três temporadas, por alegar que o recinto construído para o Euro’2004 tinha uma renda demasiado alta). Era dia 1 de abril, chamado ‘dia das mentiras’, e o Sporting teve bastantes dificuldades para vencer a equipa da casa, num jogo da I Liga.
Depois de mais de 90 minutos com o resultado a apresentar um nulo, o único golo do Sporting foi obtido já no minuto 90+11′. E de que maneira. Depois de uma falta ganha por Diego Rubio, Matías Fernández atirou de livre direto, em posição frontal à baliza, com uma bola rasteira que entrou no canto inferior direito. E não bateu um guarda-redes qualquer – Jan Oblak, atual jogador do Atlético Madrid.
O Desporto ao Minuto falou com o antigo defesa-central do Sporting Daniel Carriço, que alinhou pela equipa leonina nesse jogo, ao lado do brasileiro Xandão, na antecâmara do reencontro entre as duas equipas. “Recordo-me vagamente do jogo, sei que ganhámos, o golo foi do Matías Fernández, o mister era o Ricardo Sá Pinto, e o importante que retiro desse jogo foi a vitória, não era fácil ganhar ao União de Leiria nessa altura. Tinha bons executantes. Tinha Jan Oblak, Bruno Moraes na frente”, lembra Daniel Carriço.
É a magia da Taça. Há motivação extra nas equipas, acreditam mais numa competição a eliminarA situação é diferente, quase 12 anos depois. “Atualmente o União de Leiria encontra-se numa divisão abaixo. Certamente o jogo da Taça de Portugal não vai ser fácil para o Sporting, as equipas estão sempre muito motivadas. É importante preparar o jogo com toda a seriedade, isso é o mais importante”, avisa o antigo defesa-central, retirado dos relvados desde 2022.
O União de Leiria venceu o Marítimo, Atlético da Malveira, Académico de Viseu e o Pedrogrão nas eliminatórias anteriores da Taça de Portugal. Apesar disso, está na modesta 13.ª posição da II Liga. Encontra agora um grande. “É a magia da Taça. Há motivação extra nas equipas, acreditam mais numa competição a eliminar. As equipas grandes, se não entrarem com o mesmo grau de exigência nas provas de regularidade, como a Liga, os treinadores têm de tentar motivar os jogadores ao máximo. Têm de competir ao máximo porque não há jogos fáceis.”
Daniel Carriço é ‘especialista’ nas competições a eliminar
Se há quem perceba de eliminatórias, é Daniel Carriço. Fez parte e (capitaneou) aquela mítica equipa do Sevilla que ganhou três Ligas Europas consecutivas, entre 2014 e 2016, umas das quais frente ao Benfica, em Turim, nas grandes penalidades. Além disso, ganhou uma Supertaça e uma Taça de Portugal. Questionado sobre eventuais conselhos para a competição, Carriço insiste na seriedade necessária nestes jogos:
“As eliminatórias a uma mão são totalmente diferentes de jogar a duas. Não sou ninguém para dar conselhos ao Rúben Amorim, que é um treinador de excelência, certamente estará preparado mas o Sporting tem demonstrado esta época que está num nível muito alto. Certamente será muito difícil para a União de Leiria ganhar ao Sporting, mas o futebol é feito de imprevistos e nunca se sabe. Diria que o Sporting tem tudo para passar a eliminatória”, prevê.
Em jeito de desafio final, Carriço foi confrontado com um ‘embate’ entre o Sporting de 2012 e o atual. “Em termos de valia, acho que o Sporting atual é melhor. Mas recordo-me que nesse ano chegámos às meias-finais da Liga Europa. Foi um feito, estivemos perto de chegar à final. Nas eliminatórias fomos muito fortes, chegámos à final da Taça de Portugal. Talvez a nível de regularidade não fomos tão fortes. A nível de corpo técnico e estrutura, o Sporting está melhor hoje em dia”, finaliza o antigo futebolista.
Atualmente, Daniel Carriço é um dos embaixadores da Liga, um cargo pelo qual está “muito orgulhoso” devido à “importância” da entidade a nível nacional. O Sporting joga com o União de Leiria a partir das 20h45, nesta quarta-feira.