Fredy Guarin foi o grande entrevistado da última emissão do programa de televisão colombiano ‘Caracol Television’ e, durante a conversa, fez várias revelações acerca da luta contra o vício do álcool que dominou uma boa parte da sua carreira como jogador.
Em 2011, Guarin trocou o FC Porto pelo Internazionale e, segundo confessou, foi nessa altura que começaram a surgir os seus problemas com o álcool: “Comecei a ganhar fama em Itália e comecei a ter um problema diferente fora do campo. (…) Embebedava-me dois dias antes do jogo e depois entrava em campo, marcava um ou dois golos, e a equipa ganhava. Acho que era tudo fruto de uma falta de consciência”.
Ao confessar que bebia em todo o lado, ou seja, “em casa, nas discotecas e nos restaurantes”, o antigo médio explicou que se sentiu frustrado por falhar “no trabalho e nas responsabilidades familiares” e que, mais tarde, o Inter disse-lhe, através do seu agente, que a sua passagem pelo clube chegaria ao fim.
E foi assim que, em 2016, Guarin se transferiu para os chineses do Shanghai Shenhua, tendo sido neste período que se tornou “alcoólico”: “Levantava-me para ir treinar e depois do treino bebia mais. Descansava um bocado, treinava e bebia álcool. Era assim todos os dias”.
Já numa fase final da carreira, Guarin assinou pelo Vasco da Gama, em 2019, com o próprio a dizer que, durante seis meses, se sentiu “o homem mais feliz do mundo”. “Veio a Covid-19, depois separei-me da minha mulher… Bebia 50, 60 ou 70 cervejas numa só noite. Veio a pandemia, não havia treino, não havia futebol, não havia medo. Ia para as favelas, lá no Brasil, tinha relações sexuais com qualquer rapariga sem proteção, destruí-me completamente. Procurava o perigo, a adrenalina, queria ver as armas, o movimento, não me preocupava com nada”, acrescentou o antigo internacional colombiano, agora com 38 anos.
Na entrevista em causa, Guarin confessou também que chegou a estar 10 dias “completamente bêbado” e que a dada altura, quando vivia no 17.º andar de um prédio, “até saltou da varanda” e que só uma rede, algo habitual nas casas do Brasil, o impediu de morrer. “Cheguei a um ponto em que já nada me importava, desde que me conseguisse magoar. O meu testemunho é um desígnio que Deus está a colocar em nós, que sei que chegará a muitos cantos do mundo, que tocará muitos corações e salvará vidas”, concluiu.
Fredy Guarin, vale lembrar, jogou pelo FC Porto entre 2008 e 2011. Antes disso havia representado o Saint-Étienne (França), o Boca Juniors (Argentina), o Envigado e o Atlético Huila (Colômbia). Terminiu a carreira em 2021, no Millonarios, do primeiro escalão colombiano.